quarta-feira, 11 de julho de 2012

SONETO DO RASO


"Que as histórias calem que mais não contem
As alturas da vida: imaginárias
Pois tudo é chão, é linha de horizonte
Em campos de fronteiras arbitrárias.
E se anule o que vai subindo o monte
Em sombra, em luz, que são versões contrárias
Ontem – depois, futuramente, ontem
Presenças de passados luminárias
Sobre as vertentes há escuro e aurora
Tudo, todo o existente é fundo, e aflora
Eterna flor mantida neste vaso
Onde se confundem o dentro e o fora
Com o cheio, o vazio se evapora
E o que resta é o fundo: o fundo raso".

Joaquim Cardozo

Nenhum comentário:

Postar um comentário