quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Diário de trabalho: Uerla Cadoso /18.09.2013

Quando se deita com o corpo mole o solo vira água e chacoalha tudo o que é órgão, que é pele. Não se sabe quando começou, as vezes nunca começa nada, é um eterno andar para o desconhecido, eterno sem rumo. Hoje e ontem foi sem tempo, sem chegada em lugar nenhum, tem sempre um vulcão interno aqui, mas a chave as vezes não encaixa, não parte, não abre nada. O fogo chega à pele mas retorna ao sono no pé da letra. Nunca foi um não querer, mas um não conseguir queimar o coro sempre. Se não há quem sopre a chama, não há quentura, não há faísca, é um eterno limbo de imobilidade. A cabeça chega primeiro ao ponto de ônibus. Somos corpo! tem uma imensidão engavetada atrás do umbigo. Dançamos nas alturas com saias negras... tem um mar nos corpos que borbulham água salgada, fica um sal de dentro pra fora. Rugas são salgadas, sinto que não enruguei agora, não houve dor. Se não sente onde se toca está morto. Atravessar o breu com um bife de sobra de tom amarelo... há quem diga que tem dia na noite. Deveria voltar, não tem coração aqui, é um escrever e um sair de grma velho. Não tem palavras que expliquem o que se sente ou a falta de sentido das coisas. Mais uma morte! Será que falta outra parte? outra saudade "irrecordável"? Era uma toda vontade debaixo do barco, resguardada em silêncio. Tem um vazio aqui desde que saiu de casa, as pessoas gostam de saudade. Ele tem belas palavras, ela tem a falta de letras, só há um rabisco e um bolo de coisa indefinida...é um choro na garganta que vem de vez em quando, parte do meio, mas não há motivo para desabamento de águas. Aqui é passagem, evapora o que não serve e impregna a matéria da constância. Suar é um devir!

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Diário de trabalho: Saulus Castro - 23.09.2013

... o parto, o navegar sobre o barco-túmulo que mantém o percurso da vida nas águas do...
Do quê? Eu não sei a palavra. Agora, aqui, chamarei de infinito.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Devir

Quanto mais passa o tempo mais travam as explicações do porque estar nessa arte. Sempre faltam as palavras, quem dirá às belas palavras, talvez essas ultimas nunca cheguem a essa boca... É melhor ficar em silêncio para não dizer asneiras. O paradeiro constante do corpo no tempo talvez seja reconhecimento, não anti-social, nem diferente, mas uma pausa exausta de um constante “Devir”, uma respiração da cabeça... De tanto ver e achar que ver, os olhos um dia adoecem, tem muita poeira neste mundo de meu deus, é muita chaga que não sara, cultivamos nossas próprias chagas, e temos a vaga impressão de andar no coração alheio...

Tão jovem e a pele já é moribunda da sede da carne, os sentimentos que perpassam esse corpo são tão passageiros como os transeuntes. As vezes fica um abraço, uma palavra, ou só um olho mesmo... e fica uma saudade leve das coisas que ficaram lá atrás, das brincadeiras e pão de forma, a forma de uma mão e um traço do rosto de algum deles. Quase todos os dias aparecem novas mensagens de mudança, cada toque não atendido é a impressão de uma notícia que se adia a chegar. Fica do lado de cá uma ânsia de mãos atadas, uma vontade de estar nos dois lugares, partir-se para unir-se a si mesmo, um beijo que devia ser dado. 

domingo, 8 de setembro de 2013

[meu] Castelo de Holstebro

Sobre o som de um corpo que cai
Sobre o som das últimas palavras que ainda não foram ditas
Sobre as plumas que prendem os rios que descem dali
Dali onde não se tem coragem de tocar o mundo
Eu quis me conhecer
Sobre os risos das línguas do mundo
Sobre o mundo que não ri há muito tempo
Sobre até sobre a saudade, palavra dos descaminhos
Guatemala que te quiero
Sobre o som do corpo no pé do céu.
Sobre até sobre o céu.
Da clara manhã que não se canta
Da cor e noite tarde
"Liberdade"
Vontade de estar em muitos lugares do passado
Vontade de não passar:
veia, veio, vinho.
De algum lugar, Padã Arã, Canadá
De lá das dores não salvas
mas de mares, males, malês
Acontece que o acontecido não fica pra trás
Ninguém sabe o que quer ser nessa vida
E é fácil dizer não com essa falsa coragem
Viagens e bagagens de esquecimento
de si, do mundo.
Diamantes do céu, canções esquecidas
Não sei falar a tua língua
morta, joaninha, valsa
Nem me importo em saber.
Prefiro ficar assim, à míngua, cavalgo torto.
Não sei falar muita coisa de tanto
Agente fica assim, nesse silêncio.
Encontrar-te neste vale dos perdidos é saboroso,
surpreende sempre,
como o sal que desce dos olhos, tempera o labor.
Existem portas que não são
Existe até...
Existe um trovador de noite aguda,
de noite adentro, de noite aqui.
Existe o que se escreve para nada,
para estrada e para quando se pensa em dormir
Aqui eu morro. Só lembro de horas na porta do inferno:
bons diabos!
A gente, na verdade, nunca sabe quando volta.
Desse frio pouco sabia,
da incandescência.
Não sei dizer não ao que é do corpo.
Não sei dizer muito.
Não sei muito.
Sei que existe uma coisa chamada calendário.
Sei que existe um mistério.
E, talvez, isso seja o mesmo que não saber.
Existe uma coisa chamada desejo
Existem os palhaços e existem os poetas.
  Existe uma luz que é escuro.

                                 





Aqui, de voltas e volta. Ao Norte do mundo girei em torno de mim, por dentro. 
Intensidade. O que fica: trabalho, disciplina e aquela palavra que sempre escapa, que não existe para nós.
E que seja, mesmo, de silêncio.
Mais uma vez, estamos agraciados, agradecidos pela predisposição de todos os que puderam contribuir.
Continuemos o trabalho que nos une, que nos engrandece. Grandeza que não daqui.

Caminhemos!


"Sete vezes à terra, oito vezes de pé."
                                    Eugenio Barba