quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Ao porvir

faceout por Heder Novaes



Pois então, queri@s!

Aqui vamos encerrando as atividades de 2014.
E como o que nos liga de um ano para o outro é um ascender de sol,
que ele venha luminoso e cativante de todas as luas.

Se o ano é novo, que o sejamos também para conosco,
nos propondo a outras percepções do outro e, consequentemente, de nós mesmos.
Que não nos deixemos petrificar pelo espírito do tempo - que cristaliza almas;
que o 'ser' possa dar lugar ao 'sendo';
que cada vez mais nos ponhamos em 'deriva' e celebremos o encontro.
Esvaziemos nossos corações.
Desatemos desafetos!

A todos que contribuíram com os trabalhos do Duo, desejaram bons caminhos;
aos que acreditaram na realização de nossas querenças;
aos grupos, coletivos e artistas que vem desenvolvendo seus trabalhos com vigor e esperança;
a nós, que enfrentamos nossos próprios muros,
que nos empenhamos no acreditar,
estaremos em 2015 com com "deriva" e novas propostas.

Acompanhe-nos: www.facebook.com/festivalfitla/


Encatemo-nos!


Saulus Castro e Uerla Cardoso




quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

1º experimento para os mortos

"Habitamos realmente a terra?
Não é para sempre aqui na terra; apenas um momentinho.
Embora seja jade, ela irá quebrar-se
Embora seja ouro, ela é esmagada,
embora seja quetzal, ela é dilacerada.
Não é para sempre aqui na terra; apenas um momentinho."





segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O nevoeiro abre a cabeça, aguça os sentidos, o nevoeiro cega as vistas e mostra um vazio... Hoje se parte para o mundo, para a vida em muralhas, ruínas que guardam gentes. Aqui é o pulso, o caminho do rio, margem sem sol. Vi muitos em muitos lugares e uma estrada que leva a nada. É bom ver algo que pulsa e conduz no mesmo tempo, é bom ver esse céu de estrelas nesta noite que demora a vir, é bom sentir o que parece impossível. Silêncio… Estou a caminho do meio tempo da estrada, estou a caminho do que é meio dia…Têm crianças e linguas entre dentes. Estou a caminho dos tantos cabelos brancos nas entranhas desta muralha, estou nos becos, na encrusilhada, o encruzilhar-se… Vazio é o vento deste lado, ainda não consigo sentir, nada surpreende os olhos. Só tua flauta aguda satisfaz os ouvidos...

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Minha casa sou eu
Nunca vou para casa
Estou sempre aqui nas paredes
No pé que traça o rumo
Adentrar-me...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014



Evento: Espetáculo deriva

Onde: Centro Cultural Ensaio (Avenida Leovigildo Filgueiras n 58 Garcia – Salvador/ Ba)

Quando:1, 2, 3, 8, 9, 10, 15, 16 e 17 de Agosto de 2014 ás 20h.

Quanto: R$ 10 (inteira) / R$ 5 (meia)

E-mail:centroculturalensaio@gmail.com

Site:coletivoduo.blogspot.com.br

Contato: (71) 3018-7122/ 3328-3628 – Fábio Tavares

Há um lugar que não sabemos onde, quando. Estamos nele.

O Espetáculo “deriva” do Coletivo Duo estreia na próxima 01 de Agosto de 2014 no Centro Cultural Ensaio ficando em cartaz até 17 de Agosto sempre às 20h.


Há um lugar que não sabemos onde, quando. Estamos nele. 

“deriva”. Relações, encontros, a união dos tempos presente, passado e futuro, que nos transpassa e nos amadurece; do tempo que [des]constrói as coisas, o mundo, transpôr o próprio tempo-espaço, localizando-os, também, enquanto corpo. É morte e vida, resgate de cicatrizes antigas; o recorte de um sonho onde as memórias revelam e obscurecem nossos próprios corpos. Portas que se abrem, e já não somente fora de nós. Pontes que nos lançam no vazio, no vislumbramento de outros interiores, na [re]descoberta de si mesmo, no entanto, à deriva. Seguimos essa “Desordem”, o desnortear-se, e, ao tornar essas pontes livres, caminhamos em direção às nossas memórias percebendo que elas não são um território do passado, mas que se fazem presentes no momento em que as reencontramos Este corpo-memória, em trânsito, esvaziado da ideia, em consequência, convergiu com as anterioridades. Não mais uma história fora de nós, mas um reatar de relações, sentimentos e encontros, retirar roupas antigas, abrir gavetas lacradas, reconhecer-se como tempo e espaço. Derivar-se. SINOPSE: Duas figuras, fragmentos, se encontram num indefinido ponto, na [des]construção do espaço/tempo, dos mundos em si. Cicatrizes de dois corpos-viventes, desnorteados. O esvaziamento como caminho de busca para um corpo-memória, e para além deste corpo e do espírito do tempo. Identidade? Memória? Deriva.


O espetáculo é encenado pelos atores, recém formados pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, Saulus Castro (“Morte e vida Severina”, “A Mãe Desbundada”, “O mendigo ou o cachorro morto”, “De uma Noite de Festa”) e Uerla Cardoso ("De uma noite de festa", "Propriedade Condenada", "Os cegos", "Gota D'água", "Morte e vida Severina").

Juntos formam o Coletivo Duo, um grupo de investigação da arte do ator que iniciou suas atividades em 2010. Desde então, vem se dedicando na pesquisa de um treinamento continuado, voltado para o desenvolvimento das potencialidades atoriais.

FICHA TÉCNICA

Figurino, adereços, cenário, iluminação, sonoridades, Concepção e Dramaturgia: Coletivo Duo
Atuantes: Saulus Castro e Uerla Cardoso
Cenotecnia: Coletivo Duo e Centro técnico do TCA
Fotografia: Heder Novaes
Mídia Social: Eurípedes Fraga
Produção: Centro Cultural Ensaio e Coletivo Duo

domingo, 13 de julho de 2014

Diário do corte: Saulus Castro


O tempo, meu velho, o tempo em que abrasávamos o corte no fogo de nossas línguas (porque aqui só temos elas para uma tradução imperfeita do imperfeito coração [que é carne e espírito]). Do instinto febril de quando não equilibrávamos as temperaturas de dentro e fora. Mas era curta a ferida. Hoje, não.
Também não é negar o corte, descartá-lo ou condená-lo. Isto já o afirma. Negar é a existência do sim, gerador e enleio.
E deriva, seu moço, não é a superação do corte, distante disso: reconexão. É o próprio corte na carne da alma. Mas, além. O reconhecimento da possibilidade, ou mesmo necessidade de ir além. E este além é, consoante, um precário estar agrário.



deriva



segunda-feira, 7 de julho de 2014

"deriva"


Fuga


Aqui o vento disfarça a queimação da pele, o enrugar-se, finge frio e espalha por sobre o corpo como água que deixa maleável tudo o que é sentido, represado.

Daqui avisto o mundo e suas infâmias, suas lâminas cortantes, seu afago e solfejo como quem definha sem perceber a morte dos sentidos.

Aqui embebo-me de tempo e derivo como silêncio nessas pedras postas em nuvens, este aposto substrato. O descaso com o próprio outro, o eu.

De todas as idas e vindas essa foi a que mais pesou a volta, não queria retornar a essas paragens, derivar de lá era como goso em silêncio... Não pude sentir saudades desse mar em duas vias.

A solidão carrega o dom de procriar universos longínquos e repletos, embora solitários.



quinta-feira, 3 de julho de 2014

Diário de Uerla Cardoso


Não sei conceber em palavras muito de muitas coisas,
apenas sinto, e isso é gritante em meu dentro.


"deriva"



sábado, 14 de junho de 2014

Diário de Uerla Cardoso


Amorfo
 
Um dia perde-se a ampulheta e a areia cessa,   
Perde-se a estribeira das linhas do mundo, 
e passa toda a vontade por baixo da porta, 
por entre as frestas da lembrança,
por entre o corpo aqui. 

Não te rendas aos pés do tempo, "Zunido".
Quando balançarem tua corda, caia nos ventos e furacões do espaço, 
dance corroendo a tempestade com tuas mão que descobrem mundos.
Tu és sozinho "Zunido", nasceste em nuvens, 
teus ouvidos são leves e repleto das dores do mundo.
Tu és mundo e tu é breve como as noites mais cansadas.
Tua solidão é a mais repleta de todas.
De teus pés, os primeiros passos são belos.

O tempo desgasta as coisas como cupim
A madeira deste corpo torna em pó e esvai
"Esvou" por aqui mesmo ao ouvir-te, "Zunido".
De teu som descubro-me o cheiro frágil que tem a vida,
e as cores, e as sombras de sobras dos sapatos alheios.

As linhas do mapa separam unindo as nações.
Relembro do bicho mapa que quase rendeu-me um dedo,
o medo de um aleijo tirou-me a paz por um tempo.
Só o escuro assusta as vistas frágeis e lacrimosas de agora
ainda não posso doar-me ao apagar das luzes
Quero ver limpo, mas essa retina branca me seduz um pouco.

Caminhar por aqui é esquecer de amanhã.
Não lembrava dos sonhos de outrora,
mas hoje quis abrir-me os ouvidos
para ver o longínquo dos que cercam.

Vai "zunido",
navegue em deriva por sobre as raízes de copa das árvores
silencia-te quando ouvir passos,
pois quando descobrirem o que te dói,
coçarão a chaga até esmagar-te o dentro.

Doar-se sem retorno, 
atordoar-se no adorno das retilíneas rotas,
naufragar-se ao sabor do vento, amorfo.

A chegada é sempre estranha,
corpos formigando com feridas e um olho aberto.
Não posso embarcar no vento de teus pés,
nem nesta poeira que afoga os dedos.
Mas viverei todas as vidas do mundo em meu corpo,
até minha morte, 
esta será a mais viva de todas,
pois não terei forças para retornar à mim após experimentá-la.


                                                                                            
                                                                                    



 


sábado, 24 de maio de 2014

Diário de trabalho: Uerla Cardoso 22.05.2014

Andar no precipício da folhas
No vento que bate nas folhas
Não tem porque voltar para o nada
Do vazio construir o mundo
"Zunido" procura a luz de olhos fechados

domingo, 18 de maio de 2014



PROGRAMAÇÃO

Quarta-feira - 28/05: Explanação acerca da pesquisa realizada pelo discente bolsista Saulus Castro no Programa Institucional de bolsas de Iniciação Científica - PIBIC, de 2011 a 2014, traçando as rotas realizadas no sentido de aprimoramento da arte do ator no âmbito do Coletivo Duo.

Sexta-feira - 30/05: Exibição do filme "A conquista da diferença", do Odin Teatret, lançado no Odin Week Festival 2013, que traz um pouco da história e desenvolvimento Odin ao longo de seus 50 anos de trabalho de grupo continuado. Após o filme teremos uma demonstração técnica com Luis Alonso e Rafael Magalhães, integrantes do Oco Teatro Laboratório e do Ponte dos Ventos, grupo coordenado por Iben Nagel Rasmussen, atriz do Odin.

Sábado - 31/05: apresentação aberta do primeiro trabalho de pesquisa do Coletivo Duo: "deriva".

Teremos ao final de cada dia um bate-papo com os participantes
Os encontros iniciarão sempre às 19hs com previsão de término às 21hs.
Quem quiser chegando para os preparativos, sinta-se à vontade.

As entradas serão distribuídas a partir das 18:30.
O seminário acontecerá na Sala 5 da Escola de Teatro.

Até lá!





quarta-feira, 9 de abril de 2014



Já não somos um corpo "comum", tudo o que os braços abarcam viram membro, extensão dos ossos. Os bancos filhos viraram mãos. A geração está em nós, não somente na genealogia. Somos todas as ramificações da arvore, da folha ao fruto, do podre ao pó.



"deriva"




segunda-feira, 7 de abril de 2014

A terra acolhe o corpo; um ao outro. Tudo apaga e tudo vem. 
Lembro de uma história que nunca será contada,
mas que aquecerá duas almas. 



"deriva"




domingo, 2 de fevereiro de 2014

A palavra que não existe na palavra

que fechar, provavelmente, seja abrir para o outro lado e o outro lado o mesmo do aberto pelo fechado



sábado, 4 de janeiro de 2014

"Tua beleza só encanta a ti"

O Bastar de um homem seco sob rugas 
De olhar longínquo em tudo que move
Tudo o que é belo sobre a pele, sob o pelo.
Tudo que faltou entre um batente de praça
O preço da garrafa largada no meio
O nariz guia o corpo, CARCAÇA
“Minha casa sou eu” nunca vou para casa.
Estou sempre aqui nas paredes
Esta tudo na veia, no adentrar o osso.
No pé que traça o rumo, adentrar-me!
Silêncio de morte quando se vê para além
Silêncio vazio de tuas pupilas pálidas
Uma conversa para nada nesse tudo de mundo
Para ti em mim, parar aqui.
Para dentro de fora.
Forasteiros de madruga,
De viagem em vísceras...
“Tua beleza só encanta a ti”.
Já é dia!