quarta-feira, 3 de julho de 2013

Gaveta



De tanto rebocar tijolos com unhas pontiagudas um olho menino desaguou no ombro magro da moça, e riu para si admirado com o mundo, e disse fundo o que de dentro saia, “Ninguém sabe o que quer ser na vida”. Da ida e vinda pouco importa, dizem que o meio é o melhor ponto, nunca começa nem esgota. Mas ela sempre fica com olhos mortos e cochila num ombro menino de quem pouco conhecia, teme a queda que desperta e sente o resto do que havia. Quando cresce se perde o mundo, parece que esta tudo na ponta do nariz, ou no cheiro suado de cabelo molhado que de obro carecia.

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